E eis que surge a oportunidade para um post um pouco diferente...o há já muito prometido - mas não pedido, que aqui só escreve quem quer! - texto do Ricardo, companhia eleita de aventuras e muitas viagens ou não partilhássemos a mesma filosofia e gosto de nos deixarmos levar pelo momento! Acrescento ainda, para além dos momentos a serem focados de seguida, o regresso à minha segunda casa, repleto de contactos com a natureza e muitas recordações, ou a própria descoberta de Paris - nada melhor do que um conhecedor, que já aqui vive pela 3ª vez, para nos dar a conhecer os melhores recantos desta cidade inesgotável em si própria e na sugestão de programas!
"Se por um lado as novas tecnologias permitem-nos ganhos de tempo nas tarefas mais tradicionais e rotineiras, por outro lado o mundo torna-se cada vez mais plano e a disponibilidade de programas e experiências é mais vasta e acessível economicamente (parapente na Suíça, ir ao Tibete, ir às cataratas de Iguacu... Há duas décadas atrás alguns destes exemplos eram extremamente dispendiosos ou mesmo interditos. E o futurista Richard Branson está ainda a preparar umas viagens interessantes, para muito em breve, irmos até ao espaço refrescar ideias). Por outro lado a concorrência à escala global obriga-nos a dedicar mais tempo à nossa preparação, porque as grandes maratonas passaram a ter mais participantes, cada vez mais ávidos em subir ao pódio.
Tudo isto se traduz numa vida cada vez mais preenchida de acontecimentos e exigências, o tempo tornou-se um dos bens mais escassos e, como tal, valioso. No meio de tantos contactos cruzados que acontecem regularmente, sobretudo para quem vive num país estrangeiro, no meio de uma longa conversa alguém me dizia: “com 25 anos somos eternos”.
Achei esta frase encantadora e plena de sabedoria que urge de muita experiência de vida, ou como diria o nosso Camões “um saber de experiência feito”, embora o autor desta frase não se caracterize pelos traços do nosso velho do Restelo. Quando regularmente me questionam sobre a minha vida em Paris, por vezes deparo-me com uma dificuldade: convido para jantar e posso então contar as mil e uma histórias e falar da intensidade da minha vida nestes últimos meses, ou por outro lado, não querendo alongar-me remato com um: “está fantástica a todos os níveis”. Mas penso que a frase que acabei de realçar me vem facilitar na resposta a dar, sei no entanto que esta resposta irá obrigar-me inevitavelmente a explicações e como tal mais jantares se irão organizar - frase encantadora mas dispendiosa!
Porque me sinto nestes últimos tempos eterno? Porque há tempo para tudo, ainda que tenha que ser um verdadeiro engenheiro de eficiência e maximização de todos os minutos. As viagens, ou mais preciso as escapadinhas ou rapidinhas de fim-de-semana, sucedem-se ora no clima escaldante, bem autêntico e cheio de aromas e sabores da Sicília, ora no museu ao ar livre de Viena, ora na sedutora e carnal Budapeste, chamar-lhe-ia ainda a cidade latina encaixada e camuflada no ex-bloco comunista, ora na delicada Bretanha com as suas vilas turísticas e de pescadores assentes nas falésias sombrias e enevoadas e ainda as suas cidades mediavais repletas de frágeis edifícios de madeira secularmente conservados .
Neste sentimento de eternidade dos meus 25 anos quero (desta vez) apenas focar este lado de viajante. Detenho-me neste ponto porque não posso esquecer que muitos destes quilómetros que estou a evocar foram realizados ao sabor da companhia da Fizinha, a autora deste blog-novela que cada vez mais cativa pessoas pelas estepes, montanhas e cidades ruidosas desse mundo fora . Não querendo entrar em frases de mera simpatia pela nossa moraiscaldas, devo no entanto frisar que há uns anos aprendi um ditado árabe que diz: “só se conhece verdadeiramente uma pessoa depois de viajar com ela”. Nós que já fizemos mais que uma viagem juntos, tenho que referir que é fantástico viajar com alguém que consegue trazer um pouco de irreverência e sonhos idílicos a todos os sítios visitados. Voltando aos paladares, a companhia da Filipa na descoberta de todos estes sítios representa um condimento especial aos sítios visitados, e quem não gosta de uma boa cozinheira?
Escrevo num bar de praia e consigo ouvir as ondas ao fundo a rebentarem e com elas chegam recordações de todas as viagens juntos: o camelo electrónico de Viena, a carteira perdida igualmente em Viena no meio de um sinistro parque de diversões e onde, do vazio da escuridão, aparece um simpático senhor de bicicleta para devolver a carteira, a escaldante pousada de juventude de Catânia, a correria louca em Charles de Gaulle para apanhar o avião para ir para Viena e Budapeste, o Turco mafioso de Viena que nos tentou enganar às 5h da manhã de segunda-feira antes de regressar a Paris, o combóio a partir e a minha correria para comprar comida antes de partir de Budapeste, o inesquecível salto de parapente na Suíça… Somos mesmo eternos com 25 anos!"
Ricardo Ferreira, Lisboa, 7 de Agosto 2007
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2 comentários:
So para te dizer que vim ler um pouco do teu blog... Continuo a reparar que estamos com mto tempo vago... E tb muito filosóficos...
Bjos
zé
Fi, aproveito tb este teu blog para dar uma palavra, desta vez, mais direccionada ao Ricardo!
Adoro saber que a viagem a Viana foi assim tao marcante para ti como para mim! Ainda bem que me fiz acompanhar de voces os dois tb no passeio à Normandia e à Bretanha. Ainda bem que me acompanharam a "viajar" na cidade onde vivo! devo dizer que voces os dois, Ricardo e Fi, dao um jeito especial às viagens!
Queria tb dizer-te que fiz uma segunda passagem ao pé do camelo onde nos os três cavalgamos. Infelizmente nao é nada mecânico, nem sequer é para uma criança se sentar em cima! mas como ele resistiu, ficou um dos muitos momentos de um dos melhores fins-de-semana na cidade onde vivo!
Grande abraço ao Ricardo pelo post, grande beijinhos à Fi pelo Blog!
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