08/11/2007

Se não souberes alguma coisa, pergunta-me ou a Viagem a Barcelona!

A semana era, por si só, curta. Feriado a uma 5ª, a ponte impunha-se. E assim foi que aproveitei para mais um passeio. Na 2ª foi dia de preparação de alguns documentos pessoais importantes, com a preciosa ajuda do Gonçalo E. e na 3ª ainda houve tempo para uma pequena reunião jantar por casa, com a Catarina e Gonçalo, Diogo, Zé, Isabel e Helena. Infelizmente não há fotos para recordar...


Mercredi, le 31 octobre
O tempo de preparação da viagem não foi muito, para não dizer nenhum. Valeu (mais uma) a espera no aeroporto não prevista! Calhou-me a mim a selecção de alojamento, e sendo um fim de semana prolongado para muita gente digamos que não foi tarefa fácil, parece que toda a gente escolheu Barcelona como destino! Os hóteis e pousadas da juventude estavam completamente cheios e mesmo os apartamentos estavam muito concorridos. Sim, porque isto de viajar em família tem destas coisas e não nos podíamos contentar com uns simples metros quadrados de chão! Obrigada, Manolo, pela dica fantástica sobre o site de alojamento!

Depois de ter quase ficado com um apartamento de sonho, calhou-nos um de cerca de 100 metros quadrados bem localizado. Deveria ter chegado a Barcelona quase uma hora antes da minha mãe e mana, mas quis o destino, mais uma vez, que me atrasasse quase 2h!! NORMAL! O Marc foi impecável e foi buscar-nos ao aeroporto de carro, já cheio de mapas e indicações do que deveríamos visitar, e deixou-nos em casa, servindo mais ou menos de tradutor porque as pessoas responsáveis pelo apartamento não dominavam de todo o inglês...lá nos arranjámos nos dois quartos existentes, ficando eu e a Noia a dormir juntas e a minha mãe ficou no quarto das crianças, num beliche!!

Jeudi, le 1er novembre
Acordámos sem despertador para receber um sol maravilhoso mas um dia bem fresquinho, excepto raros momentos ao sol! A minha mãe instalou-se logo na varanda, a tomar o pequeno almoço, e rapidamente nos arranjámos para sair, que a hora já era tardia. O apartamento era bastante central. Ficava a uns quarteirões da Praça de Touros e da Torre Agbar, para um lado, e do Arco do Triunfo e Praça da Catalunya, para o outro. Sim, porque ali tudo se mede em quarteirões, autêntico exemplo de planeamento urbano! Eu e a Noia começámos logo pelo pequeno almoço, com algumas dificuldades de comunicação. O senhor lá nos conseguiu impigir umas tortilhas e pão esfregado com tomate e azeite, um croissant e uns chás com limão algo estranhos! Contas feitas, nem ficámos mal servidas e iniciámos o percurso turístico no Arc de Triomf. Ainda tentei fotografar uns campeonatos daquele jogo de que agora não me lembro do nome, em que se tentam acertar numas bolas com outras bolas, tinham direito a fita métrica, aquilo era coisa séria!, mas desisti, era tanta a audiência! Atravessámos a grande avenida e entrámos no Parc de la Ciutadella, ladeado por dois belíssimos edifícios, um do Museu de Zoologia que mais parecia um castelo, e o outro , julgo eu, da Assembleia. Ao fundo, o Jardim Zoológico, que não chegámos a visitar e no centro um lago que faz lembrar o do Campo Grande mas com ar apresentável e ainda com barquinhos a remos operacionais! Daqui desembocámos já na parte velha da cidade, com ruas muito estreitas, escuros e algo sujas. De notar que a panóplia de cheiros por toda a cidade é considerável, não sendo sempre a mais feliz! Depois de andarmos um pouco às voltas e de termos entrado numa loja de doçaria muito tentadora, onde nos deliciámos com o Monstro das Bolachas que queríamos levar à Susu - intenção eternamente adiada já que não o chegámos a comprar! - lá demos com o Museu Picasso. A rua era toda em pedra, edifícios incluídos, e o Museu num antigo palácio, aliás, como outros museus ali à volta também. A exposição ficou um pouco aquém das expectativas, principalmente da minha mãe, que já lá havia estado há 30 anos atrás. Dali deambulámos mais um pouco, espreitámos algumas lojas e decidimo-nos a almoçar perto da água. Calhou-me o papel de guia e lá defini a estratégia, não a contento de toda a gente mas depressa se resolveriam as pequenas divergências... continuámos a pé então até à Marina, repleta de gente, e acabámos a almoçar em Barceloneta, um misto de tapas e paella. O passo seguinte foi percorrer, de fora, o Aquàrium e o Maremàgnum, onde vi algodão doce em caixas, e atravessar a Rambla de Mar, muito bem conseguida e cheia de pessoas a apanhar banhos de sol! Pessoas era o que mais havia por todo o lado, com tendência a piorar à medida que as horas e dias passavam...paragem não muito rápida no posto de turismo do Mirador de Colom, que havia uma lista interminável de edifícios que a minha irmã queria visitar a ser assinalada no mapa, e subimos a Rambla, avenida larga e cheia de homens estátuas muito originais, animação de rua, restaurantes e bancas de comida, revistas e flores. No caminho tentámos ver um dos edifícios assinalados, sem grande sucesso, mas encontrámos em compensação, o Mercat de la Boquería e o Antic Hospital de la Santa Creu. Lá em cima, já na Plaça de la Catalunya, ficou o bichinho das compras, a ser morto uns dias mais à frente, e deixámos os gelados e crepes para outro dia, trocando-os por um café de esquina onde só nos apetecia insultar os empregados, tanta foi a espera e esquecimentos! Continuámos na zona, visitámos a Plaça Reyal, percorremos umas quantas ruelas e demos de caras com a Plaça del Rei e a Catedral e visitámos o Mercat de Santa Caterina by night. Ah, também a assinalar a loja gigante de gomas onde nos abastecemos antes do jantar. A Noia tinha desejos de italiano e lá fomos, para um 1º piso com vista para a Rambla e um atendimento muito simpático - felizmente não estava a abarrotar, ou então fomos só demasiado cedo! Em família sair à noite não se coloca como opção, e para fazer a digestão fizémos apenas uma caminhada até casa, com a Torre Agbar iluminada como pano de fundo.


Vendredi, le 2er novembre
Parabéns, Noia! O plano não era complicado. Lá pusémos despertador desta vez, e tomámos pequeno almoço ali na rua, num café pastelaria muito convidativo! Pedir já foi mais simples, uma vez compreendendo as regras básicas - há que misturar o mais possível o português e o castelhano e, em caso de dúvida, utilizar as palavras em francês - resulta sempre! Daí iríamos apanhar o metro até ao Passeig de Gràcia - para caminhadas já lhes bastava o dia anterior! - e começar pela Casa Batló, do Gaudi. De seguida apanhávamos o bus turístico, que seria o nosso meio de deslocação eleito do dia. Nada mais longe da realidade. Começámos, efectivamente, pela Casa Batló, com uma fila gigante à porta. Na impossibilidade de apanhar ali o bus turístico, pela fila que a muito custo se ia escoando nos vários autocarros que passavam - e que só levam pessoas sentadas, daí a rotação não ser assim tão rápida! - fomos a pé até à Pedrera, para darmos de caras com uma fila que quase dava a volta ao quarteirão. A coisa não estava fácil e, como mais uma vez o bus turístico não era opção, fomos de metro até à Sagrada Família, que bateu aos pontos os outros monumentos em filas. Já a desesperar, reunimos de emergência e decidimo-nos a comprar o bilhete do bus turístico no posto de turismo. Mas foi de metro que fomos até à paragem seguinte, Lesseps, onde a minha irmã pôde ver a Biblioteca Jaume Fustell. Andámos mais de um kilómetro até chegarmos ao Parc Güell e a caminho tive uma óptima surpresa - não é que ali vendem o gelado da Olá que eu tinha adorado em Itália e não tinha voltado a encontrar, o Magnum Temptation? Comi logo um, ajudou à caminhada até ao parque!...Mais uma vez tanta gente que só à saída é que conseguimos perceber onde estava o famoso lagarto. Será que todos os "símbolos" nacionais têm sempre que ser exagerados na sua dimensão? Ele é este lagarto, o Maneken Pis em Bruxelas, a sereia em Copenhaga...enfim! Corremos o Parque, visitámos a Casa Museu - só porque a fila tinha apenas 100 metros e para ouvir o empregado a falar num brasileiro perfeito, apesar de não o ser, encontrar mil portugueses, e apanhar o comentário de uma empregada que dizia que estava mais gente naquele fim de semana que em Agosto!...À saída, e aproveitando que era hora de almoço, esperámos o tempo que foi preciso para apanhar o bus turístico que nos levou até à Avinguda del Tibidabo. Em vão esperámos o eléctrico e fizémo-nos à caminhada, que ainda levou uns bons 15 minutos, sempre a subir e ladeada de casas fantásticas, maioritariamente clínicas privadas.. Lá em cima apanhámos o funicular que nos levou a um dos pontos mais altos de Barcelona e a um Parque de atracções, onde não chegámos a entrar. Visitei eu a igreja, a vista ficou apenas na memória uma vez que a neblina espessa não permitiu grandes fotos, apesar do céu continuar completamente azul, e almoçámos por ali, ficando mais uma vez o serviço muito a desejar! O dia estava a passar a correr e descemos no funicular - o algodão doce continuou a perseguir-me, travei aqui conhecimento com a versão amarela, que desconhecia! - desta vez apanhámos o bus, o normal e o turístico, e paguei novo bilhete - não sabia onde tinha o meu...à primeira oportunidade, e esquecendo o frio, subi para o andar de cima, onde fiz o resto da viagem - de forma a rentabilizar o investimento no bus turístico e as poucas horas do dia que restavam, decidimos fazer o percurso dos dois autocarros non stop. Foi assim que vimos o Convento da Reina Elisenda, o Monestir de Pedralbes, o Palau Reial e o estádio do Barça. Trocámos na Avenida Diagonal, onde está o arranha céus horizontal L'Illa Diagonal, para novo bus e passámos na Estació de Sants, Plaça d'Espanya, Caixa Forum, Poble Espagnol e edifícios das Olimpíadas, em pleno Parc Montjüic. Já perto do mar, revimos o Mirador de Colom, atrvessámos a Villa Olímpica e passámos junto do Parc de la Ciutadella, saindo depois na Plaça de Catalunya. A fome já começava a apertar, ainda tentámos a sugestão do Manolo, o Quinze Nuits com fila gigante, e ficámo-os pela não menos boa ideia do Marc, o Atic, em plena Rambla. Ambiente muito cozy mas ao mesmo tempo refinado, a noite era de festa e pedimos o que nos apeteceu, até eu comi sobremesa, coisa algo inédita! O cansaço voltou a bater à porta da mãe e Noia e seguimos directas para casa, a pé mais uma vez, ainda com um passeio breve até à Torre Agbar para tirar umas fotos by night.
Samedi, le 3 novembre
Parabéns, Sá!! Adoptei novamente a liderança e marquei hora de saída de casa para as 8h30 - não ia sair de Barcelona sem ver os principais monumentos! Sem pequeno almoço começámos então pela Casa Batló. Valeu espera, a remodelação do edifício, no início do século, levou dois anos e resultou numa coisa completamente alucinada mas original! Dali fomos directas para a Pedrera, que só eu visitei. A fila ainda era considerável e deu tempo para tomar o pequeno almoço e para a minha mãe e mana verem uma exposição de pintura e uma loja diferente. Eu fiquei-me por mais uma obra do Gaudi, um apartamento de época, um terraço onde até as chaminés do fumo era torcidas de forma a companhar o movimento do fumo, e um sótão fantástico, enorme, cheio de arcadas e uma luz algo sinistra. Feitas algumas compras na loja do Museu fomos visitar o Mercat de Santa Caterina, onde tirámos a única foto em família e comemos uma salada de fruta deliciosa e noz de macadâmia! Almoço rápido na Pans & Company, logo a seguir a visitarmos uma exposição de arquitectura com propostas para remodelação de um estádio de futebol, e corremos depois as lojas de roupa todas até ao fecho, com passagem a meio pelo MACBA, museu algo alternativo e que vimos num instante, e pelo CCCB, que vimos apenas de fora...comprei um casaco de pêlo mega quente para as noites frias por menos 15€ que em Paris, um casaco preto, um vestido lindo talvez para a passagem de ano, um top, uma T-shirt vestido, uma camisola azul, uma camisa branca, e mais umas quantas coisas! Desafio foi trazer tudo de volta, mas passei com distinção! Tinha pensado ir ao Poble Espanhol à noite e jantar, mas as compras arrasaram com o plano e jantámos uma vez mais onde?... na Rambla! À hora a que acabámos as compras foi impossível arranjar lugar em qualquer restaurante decente e ficámos mesmo numa esplanada no meio da Rambla, de um restaurante chamado Brasil e onde a comida deixou algo a desejar!...nesta noite não foram as pernas que nos guiaram a casa mas sim o metro, se bem que a distânica que percorremos na ligação das linhas quase que era a mesma!



Dimanche, le 4 novembre
Mais uma vez a estratégia de madrugar valeu-nos entrada quase directa na Sagrada Família. A obra incompleta do Gaudi é, uma vez mais, impressionante pela sua megalomania e originalidade! Quiseram as obras que não apreciássemos os vitrais em todo o seu esplendor, mas mesmo assim fica uma imagem bastante positiva. Ainda no trilho dos edifícios da Noia, fomos de seguida para o Forum, numa das pontas de Barcelona e mesmo junto ao mar. O edifício é, realmente, diferente, e ainda demos um pulo à piscina de água do mar, "encaixada" no meio das rochas, em cima da praia - apesar do fresquinho havia mesmo quem se bronzeasse! Já na Vila Olímpica vimos o Casino e almoçámos por lá, com vista para o areal e mar e sob um sol que dava gosto! Comemos camarões, pães com tomate, salada russa e outras entradinhas que deram para emganar o estômago e, como sobremesa, o gauffre com gelado e chocolate quente que nos andava a perseguir desde o primeiro dia. Para fazer a digestão caminhámos ao longo da avenida, vimos alguns edifícios interessantes, e fomos para a catedral, que só eu e a minha mãe visitámos. Subimos ao topo de elevador mas quis o destino que descessemos a pé, uma vez que o bendito aparelho se avariou! Já se fazia tarde e fomos a pé até casa por um caminho alternativo, durante o qual ainda passámos pelo imponente Palau de la Música. Deixada a minha mãe e a noia no táxi, depois de uma luta feroz com a mala que teimava em virar-se em pavimentos não lisos, segui a minha viagem sozinha. Fui directa para a Plaça d'Espanya, e subi a Avenida Reina Mª Cristina, fechada ao trânsito por estar a decorrer uma feira. No cimo, ao fundo, o imponente Museu Nacional d'Art de Catalunya, precedido pela Fonte Luminosa mas sem água a correr...visitei a Caixa Forum, cheio de exposições gratuitas, uma delas sobre Portugal, e num edifício antigo muito bem re-aproveitado. Passeei-me pelo Poble Espagnol ao som de Tango, e regressei a El Raval, onde me perdi novamente nas ruelas estreitas...a minha noite seria curta e uma vez que o Marc não estava disponível para jantar encaminhei-me calmamente para casa, onde tentei dormir um sono muito irrequieto, sempre com pesadelos e medo que o despertador não tocasse, às 3h da manhã...

Lundi, le 5 novembre
Não só acordei a horas, como recebi a caução do apartamento e o meu avião não se atrasou...Às 6h da manhã era o primeiro a partir, era bom que não houvesse atrasos!! Parece que trouxe o bom tempo de volta a Paris, que passou o fim de semana no meio do cinzento...Apesar de ter ido com as expectativas demasiado elevadas - é a cidade preferida de muitos amigos meus! - e ter havido alguns conflitos de interesses, pelo menor de início, a viagem foi memorável!

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