Verão que é Verão inclui sempre Cabanas e pequenos prazeres como as bolas de berlim compradas na casa da senhora que as fabrica, de manhazinha e ainda quentinhas, o fazer das tranças - horas que a minha mana perdeu a entraçar-me o cabelo, sempre com a ajuda da Bruna ou da tia Amelinha! -, ou as cadelinhas (conquilhas), quer sejam apanhadas por nós - uma tradição que fazemos por prolongar no tempo e através de gerações, a Sofia vai estrear-se este ano! - quer seja num qualquer restaurante onde já somos tratadas como habitués. TratadAs, porque na realidade somos sempre só quase mulheres. O grupo começou por incluir família próxima, afastada e amigos de amigos e com o tempo foi tornando-se restrita, à medida que os filhos crescem as férias reduzem-se e cada um tem a sua vida. Já os colegas da minha mãe dizem que ela é uma sortuda porque as filhas continuam a querer passar férias com elas! E a verdade é que passamos o ano à espera de Cabanas - a nossa rotina dos sumos de laranja e cartas no bar, a meio da tarde, na praia, as carreirinhas, o estacionar do carro durante dias e andar sempre a pé, os matraquilhos e um jogo alternativo de snooker, vem quem acerta mais vezes com a bola branca no buraco!, por vezes a pesca ou caça ao isco, os amigos (Hugo, sem dúvida indissociável de Cabanas), o fazer as sandes, os carregar o estaminé todo para a praia, os jogos de raquetes em que nem eu nema minha irmã acertamos na bola!...houve tempos em que atravessávamos a ria a pé, hoje em dia só se passa de barco. Também a praia era diferente, os nadadores salvadores nossos amigos. A realidade evolui mas a vontade de voltar fica para sempre, e todos os amigos que por lá passaram ficaram com o gostinho para a vida!
Também a Praia Grande me traz das melhores recordações da minha vida...o cheiro dos pinheiros, o sabor dos pinhões são suficientes para me trazerem lágrimas de felicidade aos olhos!! Passei lá muitos Verões com a minha mana e os meus primos Sara e António, aprendi a andar de bicicleta e parti os dentes da frente quando travei com o travão da frente numa descida, descobri que tinha medo de alturas quando trepei a um telhado e não consegui descer, passei horas à procura de pinhas e partir pinhões e enchi a roupa de mãos de resina, fiz cabanas de madeira e de almofadas com as cortinas, moemos o juízo dos adultos a brincar ao jogo de não poder tocar com os pés no chão e andar só por cima dos sofás e móveis, brincámos às escondidas, apanhada, piscinas nos baldes, muitas caças ao tesouro, acordámos milhares de vezes o meu pai de manhã a pedir uns cêntimos (na altura chegavam!) para ir comprar flocos de neve divididos nem sempre irmamente entre todos, apanhámos piolhos - que paciência, Sara!, comemos muitas maçarocas de milho no churrasco, morri de medo a dormir num quarto com 4 pessoas, num divã, atormentada pela ideia de haver aranhas no armário onde escostava a cabeça! Passámos dias e meses naquela casa e páteos sem nunca nos fartarmos, sem precisarmos de ir à praia - onde nunca conseguia tomar banho por causa das ondas! Ainda hoje adoro lá ir e como sempre pinhões, partidos com uma pedra da calçada no muro banco do páteo mais reservado da casa.Adoro relembrar a minha infância. Não que não seja feliz agora, mas por ser uma altura em que apenas vivia o momento, sem me preocupar com o futuro, com as pessoas de quem mais gosto - a minha família! VIVA A INFÂNCIA!
Nota: acho que nunca cresci realmente! :D
1 comentário:
http://smittenkitchen.com/2007/07/a-big-bowl-of-cliche-come-true
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